diante dela, um pequeno
mar feito de azulejos. Fazia frio - era alto e ventava. talvez não fosse lá o
momento melhor... mas antes do melhor, sabia, vinha o preciso.
refletia a água a sua
imagem. refletia ela mesma, por dentro, também. respirou fundo tanto quanto
pode e, de uma coragem vinda ninguém sabe de onde, mergulhou.
de roupa, nua como
nunca antes.
entregue, laboratório
de si.
deixou o peso do corpo
existir e alojou-se no fundo da piscina. só, com seus pensamentos, seus
limites, suas humanidades.
forçou-se o passar do
tempo. 1, 2, 3 minutos. aceitava, num embate consigo, a agonia do peito. 4, 5,
6. sentia o corpo ceder, a alma gritar, tudo ir de encontro. 5, 6,7. e esvaía
conscientemente, resistente, apenas, em sua decisão. 8, 9, 10. o coração, desacelerado,
já não mais possuía os absurdos da vida; a mente já não respondia, tomada pelo
líquido do encontro. 11, 12, 13. era dada a hora: os olhos sangrados, as mãos
sem vida, o corpo frio ali residia, invadido violentamente. imerso, lavado, afogado,
imune.
.
.
.
subiu de um impulso,
resgatando o ar. era morto, finalmente, o medo.
Somos seres muito sós , na verdade.
ResponderExcluirO relato desse instante sozinho, nas tuas palavras bonitas, nos leva, faz sentir junto, a solidão, a fragilidade, a beleza e a incrivel força que nos faz voltar à tona.
Beijo, querida Camila!