terça-feira, 26 de novembro de 2013

alguém


se são os olhos janelas
suas cortinas
se encontram fechadas.
suas retinas miram
o nada
a espera de uma visita
que nunca virá.

se são os olhos janelas,
suas rotinas
se afundam lá dentro.
não se permitem
a luz do dia
não dão chance
ao tempo
sonham com o invisível, 
o impossível
 - talvez justamente
para não alcançar.

não vêem sóis...
não admiram luas...

se são os olhos janelas...
que muro as suas.

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

arrepio


resisto
a vitrines charmosas,
mãos ousadas,
olhos tristes,
resisto
a anúncios caribenhos
de agências de turismo
resisto a pedidos descabidos
de um pouco menos de juízo
resisto a dias cinzas,
horas vagas,
noites safas,
passos vãos.

resisto
a ameaças e
grandes saudades,
resisto a angústias
às dores da cidade,
resisto firmemente
a brigadeiros e
pudins de leite moça
(me seguro muito
em mim)

mas vou te dizer:
quando você 
me sussurra assim...

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

manhã


acho pouco o corpo: gosto é que me entranhem a alma. estar nu na frente do outro é amar com os olhos, querer sem medida, conhecer os caminhos, gritar os segredos, cravar os dentes no sentimento exposto. intimidade é um país.

se me movo despida em seu quarto, natural como vim, não defina conquista. o que de mais valioso tenho só o seu de dentro pode alcançar.