sexta-feira, 20 de abril de 2012

1 ano de são paulo

cidade que tudo dá

e tudo cobra.

do alto dos prédios,

aos beijos dos ventos,

contemplo sua obra:

essa imponência dura,

mas também essa ciência nobre

de seguir em frente.

pulsa: é feita de gente.

vive. e eu acompanho.

não me desfaço

dos vestidos de flores

(embora hoje use

um pouco menos de cores)

nem deixo de lado

minha saudade de mar.

mas vivo.

atenta, sedenta,

retribuindo ganhos

compreendendo que antes

vem o que é,

não o que será.

derramo calma no peito

e brindo, sob o efeito:

o agora

é meu lugar.

terça-feira, 17 de abril de 2012

ele

Soltei a sua mão sem soltar de verdade.

Em tudo e todos, você sempre esteve presente. Não como certeza à espera, não como eterna possibilidade; não como remédios aos outros nãos. Era bem maior esta presença. Bem mais forte. Era a do amor mais puro, o amor inocente, o amor quando não se pensa em outras coisas que não o amor. (Me pergunto se isso nos acontece mais de uma vez).

Mas eu soltei a sua mão.

E imaginava – sabia - que um dia, cansado, você faria o mesmo. Mas de verdade.

Chorei um choro desesperado, abafando meu entendimento. Quis.

Deixei doer. Até inchar os olhos, até ouvir somente os ecos dos soluços, até se formar um rio que alagou o quarto, a casa, os prédios que em volta dormiam.

Tremi de medo. Me senti absurda e completamente solta. E só.

Depois,

esse enorme silêncio em mim.

segunda-feira, 9 de abril de 2012

poesia do arrepio

Mãos

Em contra-nãos:

De ponta a ponta,
Arrepio.
Nos escorremos,
De espaço fartos,
Suando diante
De um falso frio -
Trememos,
gememos,
quão.

Deslizamo-nos
em ávidos carinhos.
Macios e firmes,
feito onda.
O olho no olho
Anuncia baixinho:
O que buscamos
ronda.

Até que o ar
Nos falta
E o fogo de dentro
nos queima
Até que a alma
se exalta
E o silêncio do grito
Reina.