segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Esvaziando

Ando sendo do que vem. Desapego de pronomes, experimento verbos, soterro tudo o que sinto – sentia - com o que procuro me ocupar de pensar. Ofusco o réquiem: ligo o som alto. Danço sozinha. Conheço pessoas. Me perco em multidões. Flerto, correndo de minha ventania, com o superficial (me afundei demais em mim). Brindo rachando taças e borro a maquiagem nos olhos chorando de tanto de rir – na verdade, rindo de tanto chorar.

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

do mar

Gente que vem do mar é como é.

Deve ser essa coisa de andar meio nua e não, essa liberdade de não ter que vestir completamente.

Essa coisa de caminhar, caminhar, caminhar... como que sem rumo, ajeitando o prumo e o vento na vela, seja para onde for.

Gente que é do mar é como é.

Vive o que tem.

Preza o que tem.

Come o que tem.

E tem, talvez por isso,

sempre mais.

Acredita no sol e no sal. Prefere o bem ao mal. É feliz com cada grão de areia.

Gente que vem do mar se derrama: oceano.

Gente que vem do mar corre o mar na veia.