uma formiga sobe
na minha pele
mas logo me troca
pela mármore dura
e eu me pergunto
- na verdade constato -
onde foi parar
minha doçura?
uma formiga sobe
na minha pele
mas logo me troca
pela mármore dura
e eu me pergunto
- na verdade constato -
onde foi parar
minha doçura?
Há, de minha parte, uma tensão dançando iminente. Um medo precavido: não se mostra, mas está lá, pronto para o que não vier. Nada é certo, e esse é o nosso preço em ser. Nada é certo. Tão falsamente livres... tão comedidamente amantes... tão susceptíveis à reticências, às diferenças, às consequências... Tão. Dançamos valsa no pequeno espaço que nos impõe a distância: favor não passar destes metros, tudo é possível do lado de lá - riso, rasgo, seta, venha, fuja, case-se, case-me, deixe-me, sempre e nunca mais... Por isso somos apenas as primeiras letras dos nossos nomes. Apelidos emprestados. Somos apenas os primeiros dias dos meses. Desejos domados. Somos apenas pequenas partes de nossos sonhos. Amores não predestinados.