domingo, 9 de janeiro de 2011

pra fora

Ou escrevo, ou deságuo. Embora nesse momento precise de ambos. O inferno astral me visita de novo, eu que sou tão pouco de astros. (Lembrando de quando chorava por tudo e por nada: pouca coisa mudei). Meu corpo e alma funcionam tão parecidos: um mal estar imenso me toma agora e, analisando, diagnostico. Tenho me alimentado constantemente de sentimentos com curta validade; no momento, meu organismo se esforça para expulsar o último desses consumos. Sinto calafrios e derramo pelos olhos o que não posso fazer pelas outras partes do corpo. Me contorço. Me contraio. É uma luta: desintoxicação. Não há remédio para este mal: é preciso passar por todo o processo, é preciso deixar que ele aconteça por si só. Tão cansada. Febril. De delírios. Dói. Choro. Perdão, porque também escrevo. Trago para cá estas linhas pingando sangue, não repare, e, se puder, me diga: há algo de belo? Me sinto pequena, mas sei, eu sei, é só um momento. Estou tentando deixar sair também pelos dedos todo esse mal estar, estou deixando vir os pensamentos e palavras, não reviso, não releio, estou deixando tudo isso sair. Assim, como tem que vir. Quanto de mim é riso? Quanto de mim é pedra? O que me fez assim? O tempo me fez forte e fraca. Os amores trouxeram dúvida, os desamores certezas. Que confusão sou eu? O que busco, o que tenho? Que droga. Eu que não queria ser assim noir em janeiro, meu mês; eu que queria começar o ano com certezas, eu que tanto sorri e pulei ondas e desejei, e aceitei a vida e firmei sonhos, me vejo sozinha, nua, chorando, noite, escuro, saudade, incerteza, tristeza e culpa pela tristeza, meu Deus, eu sou só enumerações. Me contraio. Me contorço. Mas eu sei, eu sei, é só um momento. Deixa o ponteiro correr.

2 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
  2. Camila, minha guerreira linda...eu não sei, não sei de onde esse carinho gratuito por ti, mas tem tanto que nos identifica.Esse urgência, essa intensidade que traz o carmim aos lábios e o escarlate às fúrias. Camila, isso é ser mulher. Gigante de contradições, e tua beleza está justamente no revés desses versos e nesses sentimentos que hora dedilham cantigas de dormir e hora arremessam tangos furiosos aos versos desalinhados. Passion, Camila, passion. É o que nos faz vivas e exaustas, é o que nos leva ao mais alto dos céus e do azul dos sorrisos e nos solta de lá para o mais profundo dos abismos.Não sei dos astros, mas essas capricornianas legitimas não sabem ser mornas. A vida precisa vir temperada. E é um tango, não uma melodia monótona e sem graça. Acredita mais nessa sinfonia dos dias, moça Camila, porque as tempestades precedem os melhores momentos. E sim, Janeiro é nosso mês, e por isso. Para renovar o fôlego, lembrar-se forte, e esticar as asas que ficaram espremidas no casulo. Eu sei que você é muito, muito mais. Com tanta certeza quanto eu sei que um amanhã desses vai te abrir as portas convidando aos sorrisos, ao passeio pelo pôr do sol, e ao melhor dos seus mergulhos em você. Continua brilhando sempre, sua bonita. **Estrelas rebrilham**

    ResponderExcluir