terça-feira, 10 de janeiro de 2012

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Era uma carta de amor. Um pedaço de papel embrulhando um pedaço do peito. Era uma verborragia inocente e dançante, uma harpa solando para presente, era um pacote de 1000 fatias de cebola picadas – como fazia lacrimar. Era uma carta de amor… uma coleção de vírgulas e reticências, o avesso inteiro de um coração, um alagamento irreversível de sentimentos - jorrava, pingava, molhava. Era um trem apitando, correndo a mil entre trilhos em direção aos olhos do destinatário (que além de destinatário havia de ser também destino, segundo o desejo do remetente). Era um buquê de palavras, um suicídio explícito de solidão - se jogou convicta, cética, côncava, do octogésimo andar! Era um contrato entre os países da alma, era uma bandeira branca tamanho A4, era um travesseiro para certezas, uma chama invisível queimando, um frasco inteiro de paz. Era uma verdade bruta feito diamante... um desfile de risos; era um bilhete de loteria grande, uma compota de suspiros. Era o que era: uma carta, vejam todos, uma carta de amor.

Um comentário:

  1. Nossa ADOREI! vc escreve muito bem, parabéns!!
    De hj em diante estarei sempre por aqui.
    bjus

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