sexta-feira, 15 de maio de 2015

felino silêncio

me olha, o gato.
não paga contas,
não tem problemas,
não se consome.
se espreguiça
religiosamente
quando bem quer.
acorda às 2, às 4, às 6
horas da tarde
sem remorso.
não espera por telefonemas,
desculpas, milagres, 
explicações.
lambe-se
ama-se
tem-se
sem muito precisar.
mesmo se sozinho,
vive.
mesmo sem caminho,
livre.
mesmo que sem mãos
a lhe afagar.
me olha o gato
com olhos bem dentro
será que também me inveja?
coitado.
não sabe como
é ser

do lado de cá.

Um comentário:

  1. Não sabe nada
    de cá
    de lá não sabemos
    nada
    ambos inocentes
    felinos
    carentes
    cheios de (in)dependências.

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