sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

sobre alguns dias

São Paulo é grande, tão grande, e me ocupa o tempo, e me seduz noturna, e me desafia fria, desdenhando elegantemente do meu calor. Às vezes me evita, às vezes acaricia, às vezes é dura e seca feito seus concretos, mas também me canta baixinho canções tristes - eu que não resisto a melancolias e saudades. São Paulo é isso e eu, por vezes, o oposto: aquilo que sente, e que disso depende, aquilo que vive a espera de. E eu temo perder minha poesia pelos bueiros que não existem, eu temo assistir escorrer os meus versos calmos junto com a chuva que lava o poder do homem, a chuva que insiste no caos - esse choro do céu.

Procuro o alto dos prédios, a visão plena, o vento lambendo os cabelos. Quero parto para os meus sentimentos, colo para a minha poesia. Mas não alcanço... Entre os propósitos das fardas e metas e números e sonhos, minha alma pede graça, amores arfantes, vestidos leves, o veludo da pele saída do banho, alguma coisa de calma e dengo – mas dengo, nessa cidade, ninguém sabe lá muito bem o que é.

Observo o país que me cerca - é um país. Me perco na grandeza de São Paulo. Embora fora justamente para me encontrar que aportei, esperançosa feito manhã nascendo, em seus braços largos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário