Amor avassalador
Vicia
A gente quer, depois,
Que tudo arregace
Que tudo arrebate
Que tudo arrepie.
E aí
Se não vem
Se não é
Sobra suspiro profundo
- gasta-se na hora que não dá,
nas notícias da TV,
no vestido da vitrine
- quanto desperdício.
E aí
Se não vem
Se não é
Fica a gente catando peito
Achando leito
desesperadamente
Onde não tem.
Romantiza por qualquer trocado
Pena que nem o diabo
Sente falta de um pedaço
Enorme de dentro.
Vive à mercê do e se... Ô dó!
Os olhos à caça,
Agonia que não passa,
Luta em vão contra o tempo.
Pra que serve mais todas as roupas?
As garrafas de vinho?
As velas semi-derretidas
ainda a espera
de queimar por dois?
Pra que serve mais os versos criados
E não-ditos
(eram surpresa)...
Tudo em coma,
Tudo em transe,
Numa iminência longínqua
(mal sabem)
de acontecer.
Só nos resta esperar,
As unhas roer,
O desejo acalmar,
rimar, pirar, beber!
Até que então venha
outro amor avassalador,
chegando bem daquele jeito:
Cheio de riso, cheio de encanto,
Fazendo de novo
bagunça no peito.